O TRABALHO, A OCUPAÇÃO E O EMPREGO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA | WOLECK, Aimoré


RESUMO: O TRABALHO, A OCUPAÇÃO E O EMPREGO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA | WOLECK, Aimoré 


Foto de Ricardo Silva | Mãos calejadas



Aimoré Woleck possui graduação em Ciências Econômicas pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1995). Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Finanças, especializado em custos e analise financeira respectivamente na Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) e no Instituto Catarinense de Pós Graduação (ICPG) atuando principalmente nos seguintes temas: emprego, trabalho e ocupação. Atualmente é gerente geral de agencia no Banco H S B C onde possui 28 anos de experiência.

O texto analisado de Woleck resgata o entendimento do trabalho, da ocupação e do emprego a partir de um mergulho na História, tentando resgatar sua importância na contemporaneidade, especialmente nos conceitos: para que se possa entender os conceitos de trabalho, ocupação e emprego. Tal reflexão desembocará no conceito de empregabilidade. 

A primeira parte do texto tem por título "trabalho, ocupação e emprego ao longo da história", o autor subdivide cada categoria: 

a) Trabalho: Na antiguidade entendido como atividade dos que haviam perdido a liberdade, um fardo, castigo. Até mesmo na tradição judaico cristã, o trabalho é um castigo divino, até mesmo a palavra do latim vulgar deriva de castigo 'tripalium' . Tal comparação não é apenas pelo cansaço, mas pela posição social (em uma sociedade dividida em classes, aquele que trabalha é subjugado). Já para os gregos o trabalho possuía um duplo sentido 'ponos' (castigo) e 'ergo' (criação), o que determina o duplo sentido de trabalho nas línguas latinas e filosofia até hoje. 



Mas a materialidade quem determina oque é trabalho, para os gregos e seu escravismo, o trabalho era medido pela utilidade do produto (pelo valor de uso) ou seja o trabalho não era possível fonte de riqueza; no rompimento com a idade média e o inicio da modernidade o trabalho é visto pelos renascentistas como uma obra do homem sob o muno, algo positivo, criador; já no capitalismo mercantil o trabalho gerava riqueza e então se cria a teoria do direito natural à propriedade, pois o que vale é o valor de troca do fruto do trabalho e o controle sob o trabalho alheio, até mesmo a tradição cristã se transforma e o trabalho é visto pela reforma protestante como forma de salvação- se inverte a noção da antiguidade, a servidão se torna liberdade e a liberdade servidão; com e desenrolar da sociedade capitalista seus estudiosos, como Marx analisam que :


""[...] o trabalho revela o modo como o homem lida com a natureza, o processo de produção pelo qual ele sustenta a sua vida e, assim, põe a nu o modo de formação de suas relações sociais e das idéias que fluem destas [...] ao submetê-la [a natureza] aos seus próprios fins, o homem realiza, neste sentido, uma humanização da natureza"

Ou seja, o trabalho é uma forma de compreender o próprio gênero humano.

b) Ocupação: Na antiguidade, as pessoas livres eram ocupadas. Para os gregos, havia as ocupações de caráter inferior e as de caráter superior, a segunda está ligada à preparação do homem para polis, visavam satisfação e eram por escolha própria. De certa forma a ocupação para viver e oura era para manter o poder estabelecido na sociedade, a economia monetária acelera este processo. Na sociedade moderna a estrutura das ocupações se dá pelo avanço cientifico na produção, a divisão do trabalho para eficiência, expansão de mercados, mercadorias, tecnologias e desenvolvimento de polos industriais, uma ocupação nas sociedades tradicionais tende a se manter por um longo período de tempo, nas modernas a se transformar e inclusive cair na obsolescência. 



Neste sentido ocupação se tona uma espécie de sinônimo de emprego, negócio ou profissão. A ocupação não é trabalho, classes sociais que não trabalham têm sua ocupação (ex. a burguesia). Oque não se confunde com o trabalho (ato produtivo), nem com carreira (progressão dentro da mesma ocupação). No Censo de 1995 iniciou-se uma categorização das ocupações como descrito abaixo: 


a) empregado; b) trabalhador doméstico; c) conta-própria; d) empregador; e) trabalhador não remunerado, membro da unidade domiciliar; f) outro trabalhador não remunerado.


c) Emprego: O emprego é um fenômeno da modernidade, a palavra saxônica Job surge apenas em 1400 d.c e se referia uma tarefa ou empreitada, no séc XIX começa a ser associada à atividade de trabalho industrial e nas burocracias nacionais. Na antiguidade e idade média ter uma ocupação não significava ter um emprego, o emprego tem uma denotação muito ligada à assalariamento e a rotina e organização. Antes da industrialização as pessoas tinham ocupações e trabalhos, porém não um emprego fixo e unitário, suas tarefas mudavam conforme as exigências da vida, pelas exigências de um empregador e pelas coisas que precisavam ser feitas naquele momento e lugar. Com o advento da industrialização, da centralização da vida no mercado,emprego passa a ser o critério que define a significação social dos indivíduos, o emprego lhes garante uma renda no qual trocam no mercado pelos itens de sua necessidade. Quando lhe falta emprego, lhe falta ocupação, ou seja, ele não pode acessar o mercado, por isso Ada Smith pensa em uma sociedade onde todos se tornam em detentores de empregos:



"[...] todo homem vive numa base de troca ou, de alguma forma, torna-se um comerciante, e a própria sociedade passa a ser aquilo que constitui, de fato, uma sociedade comercial"*
O emprego vira categoria dominante para a compreensão do propósito humano, o sem emprego é o sem ocupação. O emprego é a pedra angular desta economia.




Aimoré segue na segunda parte do texto e analisa " Trabalho e emprego no novo milênio: Fragmento da realidade", cita que com a chegada dos anos 2000 as previsões de um mundo automatizado e diminuição de horas de trabalho não se cumpri, os salários diante da automação tem diminuído, e os questionamentos sobre como anda o sistema se empilham pela globalização das finanças, pela crescente precarização das relações de trabalho, pelas taxas elevadas de desemprego, pelo deslocamento geográfico de organismos produtivos e absorvedores de mão-de-obra e pela eliminação de postos de trabalho na indústria e nos serviços. A informalidade é uma crescente, no Brasil e no mundo, garantias legislativas (abonos, férias, garantias previdências e de saúde) têm sido solapadas, os empregos formais tem passado por um processo denominado de precarização. Acompanhado disso temos, no mundo, o índice de produtividade crescendo enquanto decrescem os índices de emprego.Ao contrário, os níveis salariais dos trabalhadores estão decaindo, assim como aumenta a exclusão dos trabalhadores do mercado formal de trabalho. Dessa maneira, o que aparece é que não há evidência, a curto prazo, de indicativos de mudança na trajetória de recuperação do mercado de trabalho.



Ao fim o autor conclui que no inicio da modernidade ate o momento atual o termo trabalho, ocupação e emprego tinham dinâmicas e significada diferentes. Aos poucos todos estes se fundem na função do emprego diante do capitalismo se consolidando. O emprego era um sinônimo de segurança até os anos 90', aparentemente isso se dissipa e fragmenta, a emprego se precariza e o desemprego surge, por isso o estudioso defende uma reformulação da empregabilidade: 



"Por isso, a empregabilidade passa pela construção social: não bastam talentos, se não houver oportunidade. Convém lembrar a importância de as organizações formais desenvolverem os valores comunitários no local de trabalho, para desenvolverem, também, a empregabilidade de seus membros. Sem essa nova relação de valores, as organizações não se transformarão e não haverá, em seus espaços, oportunidades para que as pessoas possam exercer a empregabilidade, conforme o termo foi conceituado ao longo deste argumento"



*Marx concorda em termo, exprimindo que alguns tem apenas a si mesmo para vender, em forma de seu trabalho -os assalariados- e outros tem o fruto do trabalho alheio- os burgueses.

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