Resenha: Vigotiski - Formação social da mente - Implicações educacionais

 Resenha Vigotiski - Formação social da mente - Implicações educacionais 

Prof. William Poiato



Lev Vygotsky (1896-1934) foi um pensador Bielorusso e sovietco, apesar de ter falecido muito jovem, aos 38 anos, foi um potente intelectual de problemas como a linguagem a aprendizagem e a criança. Como materialista, pensava o desenvolvimento da cultura e das faculdades intelectuais como processo social. Estudou medicina brevemente, seguido de direito, literatura e História e se liga em 1917 (ano de sua graduação e da revolução russa) aos temas da psicologia, chegou a trabalhar com outras figuras importantes como Alexander Luria e Alexei Leontiev; após sua vida sua obra de mantém com sérios problemas, por ser teoricamente bastante eclética a obra foi descartada na URSS - e quando editada, com alterações- e por se filiar ao pensamento de Marx e Engels foi traduzida com sérias modificações nos EUA, sendo as versões brasileiras até hoje repletas de necessidades de alterações e revisões( Fichtner,2010).

Analisaremos brevemente neste texto o capítulo 6,7 e 8 do livro “formação social da mente”, respectivamente: “Interação entre aprendizagem e desenvolvimento”, seguido de “O papel do brinquedo no desenvolvimento” e por fim com “a pré história da linguagem escrita”.


Em seu primeiro trecho a “Interação entre aprendizagem e desenvolvimento” busca analisar a relação entre aprendizagem e desenvolvimento da criança, fazendo uma crítica entre as noções que compreendem que qualquer humano sempre está apto ao aprendizado, sendo este sempre um fator externo a criança e ao mesmo, aqueles que fazem uma leitura biologizante das fases da criança pensando o aprendizado sempre como o desenvolvimento de capacidades internas e físicas, Vigotski busca em teorias da linguagem e do pensamento um caminho para fazer uma mediação dialética entre um ponto e outro, ou seja, o aprendizado e desenvolvimento são em primeira medida internos e externos, em conformação com a formação na interação social, em termos estranho ao autor, na formação do ser-social. Para o Bielorusso a aprendizagem é uma experiência social, a qual é mediada pela interação entre o objeto, o símbolo-signo (a linguagem) e a ação, fazendo a síntese entre o concreto, o seu significante chegasse ao pensamento e ao aprender e conceituar. Esta, entre outras, é a reflexão mais marcante deste trecho e que abre as portas para o segundo momento.


“O papel do brinquedo no desenvolvimento”, pautado em suas observações pensa na infancia e no papel do brinquedo, chega a algumas conclusões importantes, primeiro o brinquedo não é mera atividade de prazer da criança, mas faz parte de seu grupo de motivações, tendências e incentivos à atividade intelectual, por exemplo: todo brinquedo possui suas regras, sua forma de brincar, a regras é um conceito derivado do brinquedo, a criança apreende a regra via, para e com o brinquedo fazendo a ligação entre coisa, significado e ação (movimento). Desta forma o brinquedo e a brincadeira são parte da necessidade de desenvolvimento das faculdades mentais superiores - imaginar, pensar, apreender, compreender, nomear, etc. superando assim o estágio atual do desenvolvimento da criança, permitindo, via o brinquedo, a superação de uma etapa a outra, a superação do conhecimento do dia-a-dia e dos limites impostos pelo”real” imediato da criança, sendo ele então uma base para mudança da necessidade imediata da mente e criando então a necessidade de passar pelos processos de aprendizado.


Por fim, pensaremos ““a pré história da linguagem escrita”, a partir do momento que a criança domina parte da linguagem (falada) e atribui significado à esta, ela tendencialmente avança para um novo momento, o desenho. Se o brinquedo é uma espécie de mola de propulsão para a criação de conceitos (aprendizagens) o desenho atua como um momento de simbologização do conceito apreendido, neste ato de desenhar o conceito a escola entra (ou pode entrar) como diretiva sanando este desenho para as letras e atribuindo-lhes significados, que se transformam na escrita; sendo então a capacidade da escrita mais que uma mera capacidade motora-apesar de também motora-, mas um processo geral de desenvolvimento e simbologização e resgate do significado e significante (em mão dupla). Isso leva a reflexões importantes: sobre em qual idade deve começar a alfabetização?Como alfabetizar? Para primeira pergunta chegamos para algo entre 3 e 6 anos, mas com uma observação importante, a alfabetização deve ser com significantes da criança e não do adulto, ou seja, deve ser a atribuição de significado de coisas do seu dia a dia ou se seu grupo de brincadeiras (imaginação), para conseguir percorrer todo o processo necessário ao aprendizado.

Podemos encerrar este texto reforçando que estas talvez sejam as bases de diversos métodos de ensino e de certos conhecimentos da pedagogia até dos dias de hoje, sendo central para pensar a criança e a importância da atividade lúdica, assim como da construção da escrita em torno de atividades significativas.



Referências

FICHTNER, Bernd. Introdução na abordagem histórico-cultural de Vygotsky e seus colaboradores., 2010.


Vigotski, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 87-145.


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