O levante indígena no Mato Grosso do Sul em 2015


O levante indígena no Mato Grosso do Sul em 2015
Prof. William Poiato



Imagem de propaganda da luta 'somos todos guarani-kaiowa 

O Mato Grosso do Sul possui uma área de 357 145,532 km² no centro-oeste do Brasil, na fronteira com Bolívia e Paraguai, possui 2 milhões e meio de pessoas desmembrado nos anos 70' do Estado de Mato Grosso, possui desde sua fundação uma complexa questão fundiária que neste ano de 2015 emerge aos nossos olhos.





O Estado possui uma série de pequenas reservas indígenas em contrapartida uma concentração fundiária nas mãos dos latifundiários ligados a pecuário - apesar da maior produção econômica ser ligada ao ramo de serviços- o estado possui o maior rebanho bovino do país, além da extração de ferro e manganês. 






A ligação fronteiriça e a tradição regional dos Guaikuru - índios cavaleiros- e o fluxo da população entre os países cria o contraponto que dará origem ao conflito fundiário na região  , a luta de classes se configura entre o indígena e o pecuarista..



Em 2015, a luta de classes aflorou na região como em tempos não acorria, os indígenas estão reocupando as terras nos bordos das reservas indígenas que estavam sendo indevidamente utilizada pelos pecuaristas da região.

Os indígenas bloqueiam estradas e ocupam sítios em todo o Estado, reorganizam a sua base política, pressionam por dentro e fora do governo, a luta se flexiona chegaram a dominar distritos inteiros, lutar pela saída de população inteiras de vilas, etc.

Do ponto dos pecuaristas a velhas tácticas estão saindo do antiquário e se tornando a ordem do dia, jagunços matam ocupantes e cercam terrenos inteiros, ameaças por todas as partes, uma sessão da Câmara Municipal de Campo Grande - capital- foi cancelada por existirem jagunços circulando a plenária, uma criança foi envenenada, entre outras barbaridades. O coronelismo esta com toda a força. 

O clima de guerra civil se reforça, enquanto- como vimos- as instituições tem sido sumariamente ignoradas, os indígenas brandam: 'Vamos permanecer, nem que queiram matar todos', enquanto o outro lado parece disposto a realmente eliminar os indígenas. A luta é , hoje, completamente desigual, se os indígenas são maioria estão completamente desarmados contra jagunços armados até o dentes.

O governo federal tem feito intervenções colocando o exército para mediar o conflito, as forças policiais do governo do Estado já se mostraram insuficientes e o exército apenas cerca as fazendas retomadas pela população - o que nem auxilia a ocupação pois a população fica presa e também não auxilia o conflito pois os pecuaristas não têm acesso a região.

Tal medida tem se mostrado ineficaz, o assassinato de líderes autóctones tem aumentado e já é notícia frequente, e a ocupação de fazendas aumenta - já chegamos a 100 fazendas retomadas.

A luta tem ganho uma segunda via, além, do conflito físico, o conflito legal no plenário nacional tem ressurgido, os ministérios parecem dividir-se entre apoio e sufoco ao levante indígena, a luta parece ter conseguido um primeiro sucesso já se estuda a demarcação de mais cinco áreas de reserva indígena de demarcação imediata.

Charge: Latufe


Dentro da luta uma derrota ao povo indígena se processou neste ano, a PEC 215 passa a responsabilidade da demarcação de terras para as mãos do poder legislativo isso cerceia o poder de ação direta e lança a luta por terras à uma luta em perder de vista, a luta legislativa esbarra em uma miríade ideológica e fica ainda mais complexa.

A luta de classes, que tem a terra como mote, parece que não ira adormecer tão cedo. No estado do Mato Grosso do Sul a questão se acirra e se configura um levante violento - que beira uma guerra civil, ou um desastre humanitário- no ano de 2015 e ira se perpetuar por diversos anos, hoje a federalização do problema mostra a fraqueza das instituições diante do problema e a legitimação da violência regional. 

O Estado-de-direito está suspenso, o governador -Reinaldo Azambuja , agropecuário do PSDB- lava suas mãos , não se sabe da responsabilidade ou de sangue, o governo federal intervém mas estão amarradas pela nova PEC, enquanto isso a barbárie reina para as pequenas tribos, seio dos brasileiros.

A situação belicosa se arrasta com uma espécie de contra ataque dos ruralistas que tomam terras de reservas indígenas com maior velocidade nos últimos três anos.



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