Élisée Reclus: Uma analise crítica
Prof. William Poiato
Elisée Reclus (1830-1905) foi um pensador da Europa do séc. XIX, francês e reconhecido enquanto geógrafo e anarquista. Curiosamente Reclus em conjunto com Kropotikin se consideravam "comunistas libertários contra os comunistas autoritários alemães". Tal linha (o nome propriamente de anarquista) só seria dado após longos debates programáticos, dos quais Reclus foi um dos inspiradores.
Foi orientado por um dos fundadores da Geografia, K. Ritter. Suas obras mais conhecidas são a a "Nova Geografia Universal: a Terra e os Homens", dividida em dez volumes, e "O Homem e a Terra", dividido em cinco volumes - nas quais analisa a relação dos diferentes grupos humanos com os meios em que habitam, sua obra é revalorizada à partir dos anos 1970 quando se procura uma revisão da disciplina geográfica e uma das vias é a "geografia libertária" ao qual atribuíram a origem ao autor. E nossa breve análise será feita sobre os textos dispostos na Coleção de Grandes Cientistas Sociais.
No primeiro texto disponibilizado pela coletânea "O homem é a natureza adquirindo consciência de si própria"- Vale ressaltar o bom gosto do titulo- Reclus inicia fazendo uma análise da sociedade admitindo a existência da dita luta de classes, porém a luta entre classes dentro de uma sociedade sempre tende ao domínio de um grupo e é movida por ações individuais, pois somente o indivíduo seria capaz de criar o progresso, lamenta porém que a luta de classes, quando desequilibrada, pode tender a guerra civil.
No texto " A ação do homem como modificador das condições naturais, dominando e transformando a natureza", segue argumentando que o homem, para além a luta de classes, o homem é um modificador das condições naturais, dominando e transformando a natureza, distinguindo nesta característica algumas tendências. A primeira é a da exploração do globo, para o autor, terminada ainda no séc. XVI com as navegações europeias, a segunda- já em andamento segundo ele- de estudo, conhecer e explorar a fundo a terra, tendo o cientista da terra a missão de ser como um poeta à descrevê-la. Esta é a tendência de transformação do globo.
Porém, muito antes da exploração pelo estudo científico, a cultura (enquanto plantação) já fazia um papel para conquista da terra pelo homem, ela marca o domínio do homem sobre a terra e a água. Neste ponto ele olha o passado humano, e mostra como sinal de civilização os grandes canais construídos (ex. Roma), mas também os poços artesianos comuns a toda propriedade camponesa e os pequenos (e grandes) acertos de solo feitos desde a antiguidade.
Um sinal para ele que a civilização do XIX estava em pleno avanço da conquista do espaço é o "cultivo nos pântanos", técnicas como a de drenagem e o próprio cerceamento da terra. Claro, ele coloca um valor negativo nestas atividades, frisando o processo devastador do avanço civilizacional e a poluição das águas, em especial dos rios, alertando que a falta, portanto, é iminente. A ação do homem é negativa.
Argumentando com os pensadores de sua época o francês pensa na "Complexidade da produção do espaço geográfico", lançando mão não da refutação, mas de uma nova fatorização, afasta o fantasma do determinismo geográfico, afinal o homem não é exposto a apenas um fator geográfico em toda sua vida, mas a vários pois as forças da natureza são indissociáveis, logo o homem é puxado em todas as direções e a sua determinação é individual, uma escolha. Logo, a própria produção do espaço é uma complexidade, pois a existência passa pelos meios para consegui-lo,o "meio-espaço" e o "meio-tempo", formas na qual a humanidade necessita para sobreviver andam em paralelo. A civilização, por estas determinações múltiplas, ou seja, pelas suas escolhas no limite, passa por avanços, recuos, mesclas de tempos, as forças do passado sempre se mantém, mesmo que ocultas.
O autor já chega aqui a complexa afirmação que o "espaço e o tempo " compõem o espaço geográfico, sendo o tempo um fator importantíssimo para modificação do espaço.
Temos nestes três textos selecionados por Manuel Correia de Andrade a primeira sessão do livro intitulada "A natureza da Geografia", podemos assumir, a grosso modo, que Reclus pensa a natureza da geografia que não analisa a luta de classes em si, mas as classes em busca do domínio, em especial do espaço, ou seja, uma geografia que acompanhe o rastro da tendência do homem de transformar o globo, portanto, de produzir o espaço geográfico, no espaço (estudando minuciosamente a geografia física) e no tempo (pensando a historicidade do processo) tendo concomitantemente em mente que este processo é negativo, destrutivo.
A segunda seção do livro é a "Origem da Família, Propriedade privada e do Estado" e se inicia com texto de igual nome. Vale ressaltar que o assunto entra em voga com texto do alemão F. Engels publicado em 1884, e o texto de Reclus tenta polemizar pontos ou ignorados ou ressaltados de maneira positiva em Engels e negativados agora pelo francês.
O autor inicia pela família patriarcal, em algum momento da história, onde o laço do patriarca se dá pelo conjunto de bens de um senhor, conquistados pela força. A figura masculina se apossa do poder antes exercido pela matriarca , porém no interior da sociedade traços do matriarcado nunca se dissipam (o texto é bastante descritivo a este respeito), a luta entre matriarcado e patriarcado leva em algum momento a sua superação, ganhando em liberdade e igualdade os indivíduos (ponto este talvez com o Estado moderno).
A evolução civilizacional (dada de forma não cronometrada nem sincronia entre os grupos) se deu de Clã até a tribo - que para o autor já é uma nação, assim sendo, um Estado-, para ele nesta fase a propriedade do patriarca é dos objetos e das pessoas, e não da terra, está de uso comum entre um grupo de indivíduos (para o autor prelúdio da propriedade privada), tal poderio em geral é instituído pela guerra ou pela batalha de indivíduos. Vale aqui ressaltar polêmica com Engels, que imaginava que com a fase da agricultura a família patriarcal se daria justamente pela posse da terra e a necessidade da herança, para Reclus o patriarca não detinha a terra.
O autor aponta, portanto, uma tese curiosa, que a monarquia é tão antiga quanto este tempo, pois se define como governo de um homem só, para ele a natureza humana é domesticável, existe uma tendência a estupefação diante de lideranças, isso explicada a veneração da mãe e depois a divinização do pai. Mas dentro desta tese o autor vai demonstrar (diante de uma longa descrição) que a geografia influi na política, que a localização da população dá à ela características, mas que tendem a cair em guerras por território, o "domínio do flagelo dos indivíduos".
Vale ainda destacar alguns detalhes, o papel da mulher dado por Reclus, na sociedade a mulher tem o papel de desenvolver a linguagem pois ela tem ligação direta com a cria( sendo este papel natural, curiosamente esta afirmação vem sem grandes descrições de embasamento como o restante) e a demonstração de alguns valores teóricos descritos por ele em teoria que aqui coloca na história geral:
a) A ação individual como fruto das grandes mudanças, colocado a exploração individual de novos terrenos, cada vez mais difíceis de serem visitados como uma contribuição individual para o avanço de toda civilização
b) Nesta mesma observação reforçar outro ponto da natureza humana a de exploração do meio e seu domínio gradual.
c) A longa descrição histórica ser papel também da disciplina geográfica pois marca a produção do espaço.
A argumentação prossegue no texto "A propriedade e a exploração da terra", o texto se inicia causando estranheza no óbvio, no capitalismo um único indivíduo é capaz de acumular grandes riquezas, tendo como modelo os EUA (já no séc. XIX isso despontava), porém nem sempre foi assim.
Ele retoma com larga descrição as sociedades matriarcais onde o uso dos itens, em especial do solo, era coletivo, de um grupo de indivíduos, esta fase se chama apropriação mais igualitária. Ela se segue a desigualdade na distribuição, criada pela força do Estado (tribo ou clã) com a figura do patriarca, e em seguida a propriedade privada, que surge da pequena propriedade individual. A dinâmica com o surgimento da propriedade privada, garantida pelo Estado, criou também com o tempo, o acúmulo de propriedade, esta grande propriedade tende a tomar as pequenas propriedades, tal processo aflige o camponês a vias de desaparecer- importante tese que persiste até hoje.
Para fechar a sessão ele propõe um teto que dita a "Evolução da sociedade e da civilização" ele propõe que as sociedades evoluem em progressos e progressos, as sociedades que vivem em paz mas não isoladas tendem ao progresso pois se expõem a intervolução, processo de superação dos seus problemas (processo de saúde civilizacional, doença pelo contato e saúde novamente com a assimilação de conceitos e técnicas, tendendo a decadência novamente e a possibilidade de nova intervolução...). mas a sociedade também pode tender a decadência quando a guerra externa ou a luta de classes interna evidente ocorrem.
A linha histórica das sociedades pode ser separada pela sua percepção de mundo e na sua autonomia de compreender o mundo a sua volta, separando-se, para o autor, em fases:
a) Deuses: Onde a percepção de mundo do homem está estritamente presa às divindades.
b) Heróis: Onde a percepção da sociedade do homem está presa a ídolos humanos, os heróis e líderes
c) Homens: Uma fase a se conquistar ainda, onde a percepção da sociedade passa pelos indivíduos
Outra divisão possível é a primeira fase onde os indivíduos de uma sociedade tendem a observar o mundo a sua volta como o acaso, e a suprir sua existência pelo acaso, e uma fase futuro onde a compreensão e construção do mundo se dá pela razão. Tendo em vista sempre a interpretação dos indivíduos sobre seu mundo.
Podemos deste tomo compreender um pouco melhor a visão de sociedade do autor, sua percepção de evolução do matriarcado para o patriarcado e já uma existência de Estado ainda nas tribos, para compreender a ordem da propriedade privada, além disso, as teses sobre a natureza humana estupefata e sua periodização mostram uma linha crescente caminho da individualização e da autonomia. pontos comuns que entraram no programa anarquista. Vale demonstrar esta seta à autonomia tem um alto grau de ceticismo, tendo a ação humana como fator negativo e sua evolução como fator sempre aberto à decadência.
Quadro da independência, name: United States Capitol rotunda |
Abrimos então a terceira parte do livro "O Problema Colonial" que se foca nas colônias inglesas, de inicio temos o texto "Grã Bretanha e as colônias de povoamento", onde ele aponta em primeira instância a independência das colônias inglesas de povoamento que ocorreram um século antes, vale observar o elogio aos EUA, dando uma noção que às independência se deram por valores morais pois já governavam a si mesmas, ou seja, pelo valor da população destes locais, vale pensar as longas descrições das mesmo independentes nações tendo relações carnais com a metrópole, a ponto de convites diretos à monarquia até para escolha de sua capital (Caso do Canadá), um ponto marcante destas coloniais são:
a) O rápido aumento na velocidade da comunicação levado a cabo pela Bretanha, levando a um avanço em todo globo e tendo as colônias de povoamento como grandes extensões territoriais.
b) Domínio de ilhas: O domínio dos saxões sobre as ilhas se deu em um modelo parecido as colônias de povoamento e são um ponto estratégico (comunicação e militar).
c) A intervolução entre as colônias e a metrópole, levando as colônias (em especial as que conquistaram independência, mas não apenas elas ) a construírem um modelo político próprio, mistura da monarquia constitucionalista inglesa com as características locais.
d) A destruição gradativa dos povos típicos para entrada do colono inglês e do pioneiro de terra, exemplo mais acabado disso é a corrida ao oeste americano (exemplo nosso, não do autor).
Cena de senhor inglês na Índia |
Já as colônias de exploração, em especial a Índia descrita em "Colônias de exploração: governo e administração da Índia" que possui características conflitantes com outros modelos:
a) mantém-se a hierarquia local, ampliando seu poder e a incrustando com poderio inglês, tomando os saxônicos o topo destas cadeias hierárquicas, a exemplo das castas hindus.
b) As questões sociais se agudizam e a luta de classes tende a mostrar-se evidente ao passo que se mascara.
Desta forma não podemos falar de uma "civilização" feita pelos ingleses, mas pelo contrário, em uma intervolução decadente, a caminho de mistura das necessidades de exploração inglesa diante dos costumes indianos, um exemplo interessantes é o do exército inglês neste país oriental, altamente montado por locais, que mantém este estágio das coisas.
Para fechar a sessão fala-se ainda da "Relações da China com o exterior", o reino florido se caracteriza no XIX além da dominação inglesa diante de suas terras é a sua relação de migração e imigração, os imigrantes neste período vivem nos portos chineses, são comerciantes do Japão e Reino Unido, este segundo tendo políticas próprias a este respeito antes da metade do XIX. Já os migrantes Chineses pelo mundo eram abundantes, o conhecido 'trabalho amarelo' se espalha pelo globo, em grande massa não por vontade própria, mas literalmente capturados nos portos. Esta mão de obra migra em massa para seus vizinhos, mas também para EUA, Filipinas e Índia (parcela holandesa), a ponto de surgirem leis estatais de proteção de emprego em todos estes países e um bloqueio em Austrália e Nova Zelândia- do próprio império britânico. A causa deste movimento vem de sua estrutura internacional, argumenta o autor, a causa é a pobreza na China, mas a China não é realmente pobre, não por si mesma, mas porque muitas famílias vivem de sua riqueza. Ou seja, a estrutura se mostra como indivíduos, no sistema de Reclus, que se apossam da nação- minoria externa a nação, ou seja, um problema quase moral.
Para continuar pensando a questão da população entramos na sessão, composta por um único texto, "O problema urbano", ele defende que a geografia não é imutável e se faz e se refaz todos os dias, a cada instante se modifica pela ação do homem,, a modificação mais derradeira (e com caráter negativo segundo o autor) é a construção da cidade, um campo dos excluídos da civilização que se cria pela fama (crédito) que atrai os indivíduos, que se movem por necessidades econômicas, quem constrói essa imagem e as necessidades econômicas são os patrões e o Estado, cerceando as escolhas do indivíduo. Na cidade a barbárie caminha de mãos dadas com a vida ampla.
Cidade como organismo |
As cidades em um meio ideal tendem a formar redes com um centro de origem, as cidades pré industriais também seguem este padrão por serem passagens de viajantes, claro de forma irregular pelo terreno (melhores terrenos tendiam a expandir melhor a rede). As novas técnicas trazem novas cidades assim como novos órgãos exigem novos nervos (a cidade como organismo), isso deve ser capturado por um trabalho de campo que siga da origem até os novos pontos, passando pelos mais decadentes (decadence). Esta formação dá a cada cidade um fator individualizante, uma personalidade coletiva, porém as aglomerações urbanas (como organismos) tendem a morrer, por isso a incessante necessidade de reconstruí-la ( as velhas estruturas se apresentam como inferiores às novas), sem nunca superar a sua 'feiura particular', as zonas marginalizadas das cidades (zonas da morte) não deixam o organismo funcionar, porém é a própria natureza social do ser humano que o leva às cidades.Vale destacar ainda que o autor argumenta que o Capital tende a criar cidades onde existiam grupos nativos, destruindo-os.
Aqui Reclus cria uma ambiguidade teórica, afinal, os indivíduos são levados às cidades por fatores externos (Patrão e Estado), como a sua própria natureza pode leva-lo às cidades, alimentando o decadente organismo urbano? Este problema se resolve com a natureza domesticável do ser humano, sua tendência a ser estupefato diante das lideranças (explicado nos textos acima), aceitando assim sua tendência decadente no organismo doente da cidade, em eterna reforma- isso vale na China também.
O fechamento do livro é uma observação sobre O Brasil nos fins do XIX, no descritivo texto "Estado material e social da população brasileira", seu foco neste texto é o estado material e social da população brasileira. Inicia o texto com um problema de grandeza, as contagens e censos de 1780 e 1880 que apontam 2 milhões e 16 milhões de habitantes respectivamente, são altamente problemáticas, não há método confiável em sua avaliação. Tal povoamento se organiza de forma de forma desigual no território, para ele isso se dá também pela raça, o negro escravo acostumado a temperaturas mais altas é levado ao nordeste, enquanto o branco acostumado ao clima europeizado se mantém mais ao sul- uma divisão bastante peculiar. A vinda de brancos ao Brasil se inicia pelos portugueses, mas assiste no XIX uma variedade incrível de imigrantes, migrando de forma semi-forçada de sua terra natal.
A lavoura, local de trabalho de todas estas pessoas, era semi-nômade, assim que o solo se cansasse bastava derrubar a mata a frente e iniciar a exploração novamente isso leva que a ocupação humana leva a devastação do solo, até então abundante, segundo Reclus. A cultura se torna latifúndios de grandes senhores, o principal produto do país torna-se o Café (cultivado em São Paulo), mas existem outros produtos: Mate e cana. A economia é geograficamente focalizada e extremamente dependente do café, porém, o autor salienta a mineração em Minas e Mato Grosso e a construção das locomotivas nas mãos de poucos fazendeiros, a exemplo da Santos-Jundiaí um verdadeiro monopólio.
Mapa contido no texto sobre as plantações |
O autor ainda salienta a "revolução de 1890", ou seja o processo militarizado de chegada da república que tem como papel separar o Estado da Igreja, ainda que se possua diversos sinais desta existência antepassada no Estado atual, com esta observação Reclus cessa a sua análise do Brasil.
Síntese do pensamento de Recluss, notações geográficas
Reclus pensa que o "espaço e o tempo " compõem o espaço geográfico, sendo o tempo um fator importantíssimo para modificação do espaço, pelo homem e por fatores naturais.
Observa a natureza da geografia que não analisa a luta de classes em si, mas as classes em busca do domínio, em especial do espaço, ou seja, uma geografia que acompanhe o rastro da tendência do homem de transformar o globo, portanto, de produzir o espaço geográfico, no espaço (estudando minuciosamente a geografia física) e no tempo (pensando a historicidade do processo) tendo concomitantemente em mente que este processo é negativo, destrutivo.
O ser humano cria um espaço (em especial urbano) que se comporta como um órgão - doente, tende a morrer- necessita ser alimentado e se comunica por redes de nervos. O crescimento urbano se dá por fatores externos, mas também internos, o ser humano tem uma tendência a sociabilidade, mas é empurrado para as cidades pela estrutura do Estado e da Economia, como no Brasil a migração semi-forçada às cidades ou na China, etc.
A natureza humana é domesticável, o ser humano busca um líder, tem tendência a estupefação diante do outro; mesmo assim as sociedades evoluem em contato umas com as outras (intervolução), sendo esta evolução uma espiral decadente.
Mas existe algo que rompe esta tendência, certos valores morais podem levar uma nação a governar a si mesma, como aos indivíduos governarem-se, o exemplo desta "saída" são as independências, em especial das colônias saxônicas.
Reclus e o paralelo com pensamento anarquista: Decadência e superação moral
Existe no anarquismo uma certa estética, ligada a sua forma de compreender o mundo, uma compreensão de um mundo decadente, esteticamente belicoso, uma visão que o desenvolvimento da humanidade desembocou em algo não humano.
Esta visão, negativa, das ações do homem sobre a sociedade se soma a noção de luta de classes individual, onde o objetivo não seja uma classe sobrepor-se a outra, mas a rápida extinção das classes com a extinção do Estado.
E para executar isso se evoca um certo valor moral da liberdade, que deve sobrepor as relações materiais hoje impostas, por novas, também caóticas e decadentes, mas agora livres.
Estes três elementos: A visão decadente, compreensão de luta de classes individual e evocação de valores morais como mobilizadores da história.
Hoje compõem -longe de ser a totalidade- o atual pensamento anarquista. Vale então observar que não há nenhuma compreensão de progresso nem análise concreta da sociedade atual para o salto ao anarquismo, ele pode (em sua teoria) acontecer a todo momento, assim que a sociedade de um salto moral neste caminho.
Referências:
RECLUS, Elisée. Coleção grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1985.
Engels, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Clube de Autores, 2009.
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