"A guerra que vai acabar com todas as guerras": O Brasil na Primeira Grande Guerra -a mobilização da sociedade e o engajamento da marinha (1917-1918) | Araújo, Johny Santana
Resenha: Araújo, Johny Santana - “A guerra que vai acabar com todas as guerras": O Brasil na Primeira Grande Guerra -a mobilização da sociedade e o engajamento da marinha - 1917 - 1918"
Prof William Poiato
Johny Santana Araújo possui graduação em História Bacharelado pela Universidade Federal do Maranhão (2001), graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão (2004), Mestrado em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (2005) Doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense (2009). É Professor da Universidade Federal do Piauí e Membro do Programa de Pós-graduação em História do Brasil. Desenvolve pesquisas com ênfase em História do Brasil. Atuando principalmente nos seguintes temas: Formação do Estado Nação, História Militar, Forças Armadas do século XIX ao XXI, História Política e História das Relações Internacionais, Relações Sociais, Politicas e Econômicas no Piauí do século XIX, Escravidão no Brasil do século XIX, Imprensa no Brasil do seculo XIX. É líder do Grupo de Pesquisa: Núcleo de História, Memoria, Sociedade e Politica (cadastrado junto ao CNPq). É tutor do Programa de Educação Tutorial/PET, do Curso de Licenciatura em História/UFPI. Anisaremos hoje seu artigo para revista 'História: Debates e tendencias' publicado em 2014, com título: “A guerra que vai acabar com todas as guerras: O Brasil na Primeira Grande Guerra -a mobilização da sociedade e o engajamento da marinha - 1917 - 1918"
No primeiro trecho de seu texto o autor descreve 'Os ecos da guerra que chegaram ao Brasil', a partir de 1914 as notícias da guerra chegavam ao Brasil, chegou-se a se falar que seria "uma guerra para acabar com todas as guerras", mesmo assim, entre 1914 e 1917 a posição brasileira era de neutralidade, porém o conflito acirrou ânimos no Brasil, parcela a favor dos franceses (em geral intelectuais), outra em favor dos alemães (em geral figuras de Estado, a exemplo de Lauro Muller que perde cargo no ministério de Relações Exteriores por este motivo), criou-se inclusive uma liga de caráter nacionalista impulsionada a "Liga de Defesa Nacional"de cunho cívico-patrióticas. A imprensa satirizava a neutralidade de Venceslau Brás, cada vez mais pressionado pelas ligas e pela política agressiva da Alemanha. Em oposição à este animo pela guerra surgem aqueles que a repeliam, como Monteiro Lobato e as camadas populares em 26 de março de 1915, realizou-se uma assembleia no Rio de Janeiro, organizada por representantes de organizações sindicais e de jornais operários, em especial a Federação Operária do Rio de Janeiro, o resultado foi a criação de uma Comissão Popular de Agitação Contra a Guerra.
Paralelo à isto, em 1917 Alemanha notificou o Brasil de que havia estabelecido um bloqueio naval ao redor da Inglaterra e nos litorais da França e da Itália, EUA rompem relações com a Alemanha e o Brasil apesar de protestar, mantém sua neutralidade, mesmo com afundamento de navios dos EUA, até que os germânicos fecham o cerco na Europa e torpedam, próximo a frança o navio mercante Paraná, com a morte de três tripulantes e causando o rompimento do Brasil com os alemães. Depois disso a disputa naval se acirra (a exemplo do Návio Macau) e o Brasil enfim reconhece em 1917 estado de guerra iniciado pelos Alemães. Surgem os "comícios patrióticos", fecham-se jornais pró-germânicos, decretasse Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo por serem regiões de intensa agitação operária e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul por serem regiões de grande concentração de imigrantes alemães, se cala então a oposição operária à guerra. Por outro lado, os próprios militares sabia que a marinha e o exercito não possuíam condições básicas para a guerra, um grande desafio reconhecido por Pandia Calogeras ministro dos negócios da guerra em 1919.
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Capa de jornal da época |
Em 1918, diante do desafio da guerra surge "A Divisão Naval de Operações de Guerra – DNOG". No inicio de novembro deste ano ocorre a Conferência Inter-aliada onde o Brasil se compromete na guerra em três frentes:
a) enviando uma Divisão naval de operações de guerra que operaria onde a marinha inglesa achasse
a) enviando uma Divisão naval de operações de guerra que operaria onde a marinha inglesa achasse
conveniente;
b) o envio de um grupo de aviadores para treinamento e participação de futuras missões;
c) participação de uma missão medica;
Antes disso uma colaboração entre marinha americana e marinha brasileira, inclusive com o abastecimento de carvão da primeira em Itaparica na Bahia. Também já começava a estabelecer a organização de uma divisão naval para guerra, tal divisão diminuiria a patrulha da costa brasileira, porém seria uma força avançada em mares de guerra, neste destaque também marcou o embarque de 1502 homens brasileiros para guerra.
Em seguida o altor inicia a descrição d'O preparo da Divisão" ao´s determinarem quias navios iriam para guerra, sua preparação e adaptações eram necessárias, porém nem todos os materiais estavam disponíveis e alguns navios eram mercantis e seriam usados no esforço de guerra. Levou tempo e nem todos saíram com a preparação devida, os Cruzadores eram mais difíceis pois tinham problemas nas turbinas e propulsão, exigindo peças e até reparos em outros países.
O próximo passo seria levar esta divisão "do litoral brasileiro ao litoral da África" os navios foram, não sem problemas técnicos, colocados pra preparar-se no nordeste brasileiro e inúmeros exercícios de guerra. Todos foram enviados para Fernando de Noronha, onde em Julho iriam para batalha. Já em águas internacionais, um alarme falso de avistamento de submarino alemão foi feita pelos ingleses mobilizou a tripulação, cruzador Rio Grande do Sul que parou no meio do Atlântico para reparos nos motores em plena zona de perigo, além disso combustível e alimento eram problema, existindo uma ordem de racionamento geral dada pelo próprio Almirante Frontin. Ainda aconteceu um desencontro entre a divisão brasileira e britânica que deveria se encontrar nas proximidades de Serra Leoa, deixando os navios sem combustível por algum tempo até encontro dia 08 de Agosto data onde sção conduzidos a Freetown.
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Navio Rio Grande do Norte |
A próxima fase do evento os problemas reais ocorrem "a gripe espanhola assola a força naval brasileira", a cidade de Serra Leoa enfrentava uma epidemia de gripe, o aportado inglês vizinho do brasileiro chegou a ter jogar os corpos dos soldados que morreram de gripe ao mar, no contato com os ingleses a tribulação brasileira se infecta. De Serra leoa a tripulação vai a Senegal sob tempestade e aviso de possível ataque alemão, que ocorreu, um torpedo foi lançado por submarino, passando de raspão em um cruzador- o submarino responsável foi afundado, apesar da confusão geral, o condecorado foi Lourenço Eduardo Eustáquio. Ao aportar em Dacar a febre dos soldados já apontava para inicio da epidemia de gripe (95% dos homens foram infectados), após a gripe vem a malaria (que assolava Senegal), os primeiros mortos foram enterrados em caixões, os demais amarrados em tabuas, havia saída quase diária de cadáveres dos navios de guerra brasileiros com a incompetência e demora de apoio do Estado Brasileiro, ao não enviar verba e remédios. Aos menos 156 faleceram em Dacar, outros morreram posteriormente ainda em decorrência da gripe.
Ao mesmo tempo, em Cabo Verde, os portugueses também enfrentavam o problema da gripe somado a presença de submarinos alemães, e pedem suporte aos ingleses, que enviam os brasileiros. Apenas um navio brasileiro podia operar por conta da gripe, cumpri a missão, no mesmo mês ainda deu caça com os franceses em dois outros submarinos alemães. Os brasileiros, apesar das vitórias, ainda estavam em uma posição ruim, os ingleses queriam adiantar o mais rápido possível sua chegada em Gibraltar, onde estaria no olho do conflito. A tesão estava alta entre os soldados, com um número reduzido de navios devido a problemas técnicos, partem de Dacar para Gibraltar, logo nas primeiras horas de viagem avistam uma espuma no mar que confundem com um submarino, abrindo fogo (era um grupo de toninhas), porém algo estava mesmo errado, os franceses tetaram incessantemente contato via rádio (violando o tratado de silêncio), isso alertou os alemães que cercaram o estreito ibérico, a força brasileira iria encontrar o encouraçado Britânia (inglês), o mesmo foi torpedado e afundou. Com o aviso, os brasileiros puderam fugir da batalha e entraram em Gibraltar dia 10 de novembro, acompanhando o sepultamento dos ingleses, no dia seguinte o armistício é assinado entre Alemanha e aliados, a força ainda passa 5 meses na Europa participando de eventos e festividades da vitória. Ao voltarem para o Brasil foram recebidos com as devidas honras.
Ao mesmo tempo, em Cabo Verde, os portugueses também enfrentavam o problema da gripe somado a presença de submarinos alemães, e pedem suporte aos ingleses, que enviam os brasileiros. Apenas um navio brasileiro podia operar por conta da gripe, cumpri a missão, no mesmo mês ainda deu caça com os franceses em dois outros submarinos alemães. Os brasileiros, apesar das vitórias, ainda estavam em uma posição ruim, os ingleses queriam adiantar o mais rápido possível sua chegada em Gibraltar, onde estaria no olho do conflito. A tesão estava alta entre os soldados, com um número reduzido de navios devido a problemas técnicos, partem de Dacar para Gibraltar, logo nas primeiras horas de viagem avistam uma espuma no mar que confundem com um submarino, abrindo fogo (era um grupo de toninhas), porém algo estava mesmo errado, os franceses tetaram incessantemente contato via rádio (violando o tratado de silêncio), isso alertou os alemães que cercaram o estreito ibérico, a força brasileira iria encontrar o encouraçado Britânia (inglês), o mesmo foi torpedado e afundou. Com o aviso, os brasileiros puderam fugir da batalha e entraram em Gibraltar dia 10 de novembro, acompanhando o sepultamento dos ingleses, no dia seguinte o armistício é assinado entre Alemanha e aliados, a força ainda passa 5 meses na Europa participando de eventos e festividades da vitória. Ao voltarem para o Brasil foram recebidos com as devidas honras.
Por fim o autor concluí com um corte áspero:
"Por fim, com a conclusão da guerra, as perdas de vidas humanas e as perdas materiais do país jamais foram compensadas a altura dos esforços e o país teve que amargar prejuízos financeiros por conta do bloqueio, dos afundamentos e do não pagamento das indenizações previstas pelo tratado de Versalhes. A participação do Brasil na política externa no início do Século XX e a sua participação na Primeira Guerra Mundial, sempre foram vistos como algo de irrelevante significância dentro da conjuntura da história brasileira.
No entanto, podemos verificar que embora tenha sido desafiado pela Alemanha, o país se viu compelido pela intensa pressão de meios internos e externos a ingressar em uma guerra que não era sua. Tendo ainda, o país que assumir uma responsabilidade que também não era sua, entregando essa tarefa a um grupo de militares que acreditavam serem capazes de levar a termo a missão a eles confiada, realizaram-na diante das dificuldades. Só não sabiam que pagariam um preço tão caro, alguns pagaram com a vida para se tornarem um mero lembrete da participação brasileira em um dos mais importantes momentos da história contemporânea."
Referências:
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